EM IBITIÚRA DE MINAS, AOS 76 ANOS, MARIA RITA MANTÉM VIVA UMA ARTE QUE APRENDEU AINDA MENINA

Cultura - Quinta-feira, 26 de Junho de 2025


EM IBITIÚRA DE MINAS, AOS 76 ANOS, MARIA RITA MANTÉM VIVA UMA ARTE QUE APRENDEU AINDA MENINA

Em uma casa simples, em Ibitiúra de Minas, sob o olhar sereno do Sagrado Coração de Jesus e de Nossa Senhora, vive Maria Rita Barbosa. Aos 76 anos, ela segue trançando com carinho uma tradição que aprendeu ainda na infância: a arte de fazer cestas de palha de milho.

Maria Rita tinha apenas 8 anos quando, ao lado dos irmãos, aprendeu a tecer. Durante o dia, ajudavam na lavoura do sítio da família. À noite, vinham as cestas. Era a missão dos filhos: preparar o trançado para que o pai pudesse vender e garantir um dinheiro a mais — já que, naquela época, a família vivia basicamente do que plantava.

Com o passar dos anos, a vida levou Maria Rita para outros rumos. Trabalhou como merendeira — primeiro na escola municipal, depois na escola estadual. E por um tempo, as cestas ficaram guardadas na memória. Mas quando se aposentou, foi como se suas mãos reencontrassem o caminho do que nunca haviam esquecido.

Hoje, mesmo com a idade avançada, suas mãos ainda são firmes. Ela cocha a palha com paciência e vai cruzando os fios no molde com uma precisão que emociona. Cada cesta é única. É como se, em cada dobra, ela contasse um pedacinho da própria história.

O que antes era fácil, agora virou desafio. A palha de milho, antes abundante e gratuita, hoje é rara — e cara. Um saco pode chegar a R$ 80. Ainda assim, ela insiste. Persiste. Resiste. Porque mais do que renda, as cestas são memória viva de uma cultura que não pode se perder.

Entre fé, tradição e trabalho, Maria Rita nos mostra que a arte está nos gestos simples, na repetição paciente, no valor das raízes.

Porque mesmo diante do tempo, da escassez e das mudanças, ela segue firme — tecendo história com as próprias mãos, mostrando que ainda somos arte.

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